sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Cachofilha

O filme abaixo me  obriga a aconselhar, que toda mãe ou pai, deve um dia presentear seu filho com um amor assim... Tão cheio de entrega.

 Quando meu marido morreu, a tristeza montou barraca em minha casa. Meu filho ainda era uma criança e seu abatimento pela perda do pai era tanta, que eu  não conseguia encontrar uma forma de consolá-lo.
De repente uma luz clareou minhas ideias, e falei : Filho, vc sempre quis um cachorrinho, e devido viajarmos muito,  ainda não pudemos fazer-lhe esse gosto. Mas agora que seu pai não está mais aqui, não haverá tantas viagens, e eu acho que esse é um momento certo para adotarmos um cãozinho.
Pude finalmente presenciar, depois de tanto tempo, o esboço de um sorriso em sua face, diante da possibilidade de poder ter o animalzinho. Falei pra ele que não podia ser um cachorrinho de grande porte, devido morarmos em apartamento, e ele disse: Não tem problema, eu quero mesmo pequenino, igual um yorkshire, que tem na casa daquele amigo seu e do papai.
Quando liguei para o canil, a veterinária  disse que tinha 4 cãezinhos york em desmame, 2 meninos e 2 meninas. Mas ela aconselhava que ficássemos com uma das meninas, pois nessa raça, o macho costuma escolher o(a)  dono(a). Já a menina dessa raça faz festa para todos da casa. Então optamos pela mocinha e combinamos o encontro da entrega,  na balsa que faz a travessia Santos/Guarujá. Mesmo sem conhecê-la já aguardávamos apaixonados  sua chegada.
Nas primeiras noites ela chorou com saudade da mãe biológica. Era tão pequenina... Ela se acalmava quando eu lhe dava colo, e dormia o sono dos anjos, escutando as batidas do meu coração.
Alguns dias antes da morte do meu marido, assistimos em família o filme "Fluke, lembranças de outras vidas".
Era a história de um pai que havia morrido, e voltado  em forma de cachorrinho. E  é óbvio que por unanimidade, ela passou a ser chamada de Fluke.
Ela não veio sozinha, trouxe consigo alguns hospedeiros indesejados: Estava coberta de sarna. Não sabíamos, e quando a coceira  geral acometeu nosso lar-doce-lar, descobrimos que literalmente arrumamos sarnas pra se coçar rsss.
Foram semanas de luta..... Mas entre coçadas e feridas, escapamos todos.
Seguiram-se quase 14 anos num triângulo amoroso (Rick , Fluke e eu), tantas brincadeiras, risos, cumplicidade... Tenho para sempre um débito com minha cachofilha, pois ela atuou como psicóloga/terapeuta  em muitos outros momentos de nossas vidas.
Nas noites de inverno, ela se estendia em um travesseiro debaixo da mesa do computador, e oferecia-se à meus pés, como tapetinho. Deus sempre me presenteou com os melhores amores, e por essa razão, só sei amar para sempre.
Passamos os últimos  10 dias, lutando contra uma  infecção que afetou os seus rins. Vê-la perder peso, sofrer nos exames de sangue,  recusar todo tipo de alimento, não poder beber sequer água, doeu muito. E hoje Papai do Céu libertou-a de todo o sofrimento.
Descanse em paz linda e muiiiiiito amada  peludinha, vc sabe que  terá eternamente um lugar cativo em nossos corações.
Fluke
*  15/06/1997
+ 12/11/2010

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